terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Há 1 ano fomos ungidos e consagrados para fazer sorrir a S. Face na face dos irmãos...


Queridos irmãos e irmãs, o tempo de Deus não é o nosso, e “os dias para Ele são como sombra que passa” [1]. A nossa vida a um “sopro se assemelha[2] e, por mais  que queiramos,  nada podemos interferir nos  desígnios do Senhor, pois estamos longe de conhecermos a sua vontade, “quem pode conhecer a vontade de Deus? Quem pode imaginar o que o Senhor deseja?” [3]. O tempo vai, o tempo vem, nada do que foi será: “Toda explicação fica pela metade, pois não conseguimos terminá-la” [4], pois somos sempre limitados e nossa inteligência não consegue captar o indizível e insondável mistério do amor de Deus. “O sol se levanta, o sol se põe,voltando depressa para o lugar de onde novamente se levantará” [5] -  como diz o autor sagrado -  Deus “colocou o senso de eternidade no coração do homem, mas sem que este possa compreender”[6]. Neste sentido, nossas mãos e corações em alguns momentos tocam o eterno, sem condições de transcender por completo a beatitude eterna de Deus. É esta a experiência que estamos fazendo depois de nossa ordenação sacerdotal.
Contemplando toda a bondade de Deus , que tudo criou e organizou, estabelecendo “o tempo certo para cada coisa” [7], faço memória da nossa história, a história dos Religiosos da Sagrada Face, desta Família Masteniana. O que foi sonhado há mais de cinquenta anos, realiza-se, pois, como em  pleno dia, ou melhor, já estamos comemorando o aniversário dessa dádiva , desse dom. Nenhuma coisa, pessoa ou projeto foi capaz de desviar os desígnios do Senhor: “Quem de vocês pode crescer um centímetro à custa de se preocupar com isso” [8]. Portanto, nós “somos de Cristo e Cristo é de Deus”[9],  e isso nos basta, porque Ele quem sabe para onde quer nos levar, e o que fará de nós, e como fará, “no tempo certo, Ele fez e fará  tudo prontamente”[10]. Foi assim e está sendo a nossa vida e a da nossa Família Religiosa. Fomos ungidos e ordenados para o serviço da Igreja e dos irmãos, para trilharmos as pegadas da Bem-Aventurada Maria Pia Mastena, “propagando, reparando e restabelecendo a Face do doce Jesus nos irmãos[11].
Sentimos que nesta aventura do “seguimento de nosso Senhor”[12] não existe tempo, lugar nem espaço, por isso passado e presente encontram-se no “amor de Deus que foi derramado em nossos corações”[13].  O mundo torna-se pequeno para conter a bondade e a graça de um Deus apaixonado, que nos “cumulou de toda bênção espiritual no céu em Cristo[14]. Isso mesmo, há 60 dias, Pe. Sílvio e eu, estamos experimentando a graça do sacerdócio. Sinceramente não temos palavras para traduzir a nossa experiência e o nosso sentimento.  Deus através da Igreja, pelo Sacramento da Ordem, constituiu-nos dispenseiros dos seus bens e promotores de um ministério que não tem limites. Somos agora sacerdotes, e instrumentos de sua salvação, “para fazer sorrir a sua Divina Face, nos que sofrem, pela doença ou pelo pecado”[15]. Sim faremos com sua graça, “sorrir a sua Sagrada Face”[16], através dos sinais visíveis dos Sacramentos. Não é mérito nosso, pois não merecemos tamanho dom, no entanto, Deus realizará através de nós, somos apenas “servos inúteis”[17], pobres e limitados, porém  com a “força do poder de Deus”[18], e a ajuda de vocês realizaremos esta missão.
 Todos os que conosco estiveram, certamente, puderam experimentar da nossa alegria e colaboraram “para que ela fosse completa” [19], de modo especial os nossos irmãos de comunidade e as irmãs. Vocês estão no nosso coração, pois “os amamos no Senhor[20], fiquem certos de que participam dessa unção. Seja pela especificidade do carisma cumprindo a “missão de auxiliadoras dos sacerdotes”[21], seja pela participação integral na Família Masteniana e, particularmente, através sacerdócio comum batismal dos féis. Esse evento marca as nossas vidas de forma perene, pois  agora somos portadores  da  unção sacerdotal, e a nossa Família Religiosa nutre-se e reveste-se de uma nova dimensão carismática e espiritual. Somos homens “revestidos do poder do alto”[22], para o serviço de Deus e dos irmãos, como o desejava nossa Beata Maria Pia Mastena. Muitos marcaram presença e participação, colaborando conosco, e continuam como já descrevemos nas cartas de agradecimento à Congregação e aos benfeitores. Deus os retribua cem vezes mais por tudo.

Padre Francisco Uilaci, RSF

[1] Cf. Sl. 144,4.
[2] ibidem.
[3] Sb. 9,11.
[4] Cf. Ecl. 1,8.
[5] Cf. Ecl. 1,5.
[6] Cf. Ecl. 3,11
[7] Cf. Ecl. 3,1.
[8] Lc. 12,25
[9] Cf.1cor. 3,23.
[10] Cf. Is. 60,22b.
[11] Cf. Carta da Bem-aventurada Maria Pia Mastena de 1933.
[12] Cf. Mc. 8,34.
[13] Rm. 5,5.
[14] Cf. Ef. 1,3.
[15]Cf. Bem-aventurada Maria Pia Mastena ás suas filhas. Da homilia do cardeal Raiva Martins por ocasião de sua beatificação, no dia 13 de novembro de 2005. Basílica de S. Pedro. Roma-Itália.
[16] Ibidem.
[17] Cf. Lc. 17,10.
[18] Cf. Ef.6,10.
[19] Cf. 1Jo.1-4.
[20] Cf. 1Jo.4,7.
[21]Carta de 15 de Agosto de 1933. Cf. NARDIN, Madre M. Arcádia. Luci da Luce Lettere. Veneza: Helvetia 1981. Tradução Ir. Maria da Piedade  Freitas, rsf. p. 13 et. seq.
[22] Cf. Lc.24,49.

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